O Belo e seus Caroços
por Raimundo Nóbrega
Os mais jovens não ouviram falar de Pedro Doido dos anos 60. Em todos os jogos do seu time do coração no Estádio Olímpico ou na Graça lá estava Pedro a gritar de um lado a outro da arquibancada do Olímpico. Ele não conseguia parar. Seus nervos e sua paixão lhe tiravam do controle. Só esperava o apito final e comemorava, ou explodia numa tristeza infinita e xingava a todos que lhe dirigissem a palavra.
Nos anos 70 uma figura folclórica, já no Estádio Almeidão, vinha de Jaguaribe com um pequeno macaco às costas e era assim que animava a torcida. O Galego do Macaco era uma figura muito simpática, muito querido, que funcionava à época como um animador de torcida.
Nos anos 80 e 90 apareceram outros que nem Bastos, Seu Eufrázio e Zé Rola. Esse último esquentava o banco de reservas do Botafogo. Dono de um vozeirão, escutado em todos os lugares do Almeidão, ele assistia jogos atrás do Banco de Reservas. Triste do atleta ou do treinador que não caisse na graça de Zé Rola. Como Pedro Doido, Zé Rola já não tinha controle para assistir um jogo. Andava toda a arquibancada, xingando ou vibrando, mas não conseguia se concentrar no jogo. Morreu de infarto num jogo do seu querido Clube.
Zezinho me lembrou ainda agora do Nêgo Tuba, de Mandacaru, outro grande personagem do Almeidão, que ainda podemos encontrá-lo no centro da cidade vendendo coco verde. Quem não se lembra de Barbosa? Foram tantos os personagens do Almeidão.
Neste Século apareceu, por fim, Caroço de Pinha que deixou sua marca no Estádio Almeidão confundindo-se com o cimento das suas arquibancadas. E agora Caroço de Pinha se vai, se junta a seus companheiros das arquibancadas do Olímpico, da Graça e do Almeidão, a quem homenageamos a todos, neste momento de dor.
Na morte de Caroço de Pinha era preciso lembrar desses Caroços que deram grande contribuição a nosso querido Clube.